A globalização e as novas exigências do mercado de trabalho têm colocado a educação bilíngue no centro dos debates sobre o futuro da formação no Brasil.
Se por muito tempo falar outro idioma era considerado um diferencial, hoje tornou-se uma necessidade. Países que investem em bilinguismo desde a infância apresentam maiores índices de empregabilidade, produtividade e inserção em cadeias econômicas globais — e o Brasil começa a despertar para essa realidade.
De acordo com a Associação Brasileira do Ensino Bilíngue (Abebi), já são cerca de 1 milhão de estudantes matriculados em programas bilíngues no país, com expectativa de crescimento anual de 20% até 2030. O movimento acompanha o que já acontece em nações desenvolvidas, onde políticas públicas ampliaram o acesso ao ensino de dois idiomas como ferramenta de inclusão e competitividade.
Para a educadora e pesquisadora Rakhel Conde de Oliveira e Silva, especialista em bilinguismo e inovação pedagógica, o tema precisa ser tratado como prioridade estratégica. “A educação bilíngue não pode ser vista apenas como uma escolha de famílias de maior renda. Ela precisa ser incorporada às políticas públicas de educação, porque é um investimento em capital humano, inovação e inserção do Brasil no cenário global”, avalia.
Rakhel tem experiência prática tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Fundadora de escola de educação infantil em Araruama (RJ) em 2008 e voluntária em escolas públicas americanas a partir de 2018, desenvolveu projetos que unem bilinguismo, ciência e tecnologia, como o STEM em Casa, além do método autoral G.E.N.I.U.S. – Código da Genialidade. “Vivi de perto a diferença de oportunidades que o bilinguismo gera. No Brasil, ainda precisamos romper barreiras para que mais crianças tenham acesso a esse tipo de formação desde cedo”, destaca.
Especialistas apontam que o bilinguismo pode ser um divisor de águas na educação brasileira, contribuindo para reduzir desigualdades e abrir portas para novas gerações. Em um país onde mais de 95% da população não fala inglês fluentemente, segundo pesquisa do British Council, o acesso a programas bilíngues pode representar inclusão social, geração de empregos de maior qualificação e fortalecimento da competitividade nacional.
A discussão também envolve a formação de professores e a adaptação curricular. Experiências internacionais mostram que é possível implementar modelos híbridos, unindo a língua materna a um segundo idioma em disciplinas de ciência, matemática e artes, criando um aprendizado integrado e mais próximo da realidade global.
Para Rakhel, a hora é de agir. “O Brasil tem potencial para formar uma geração preparada para o século XXI, mas isso exige visão de futuro e investimento. Educação bilíngue não é luxo, é estratégia de desenvolvimento social e econômico”, conclui.
