A partir de novembro, o Sistema Único de Saúde (SUS) vai disponibilizar a vacina contra a bronquiolite, marcando um importante avanço na saúde infantil do país. A nova imunização, voltada especialmente para proteger bebês e crianças pequenas contra o vírus sincicial respiratório (VSR) — principal causador da bronquiolite — promete reduzir internações e complicações respiratórias que preocupam famílias e profissionais da saúde.
A bronquiolite é uma infecção que atinge as vias respiratórias inferiores, sendo mais comum em bebês de até dois anos de idade. O vírus sincicial respiratório é o maior responsável por casos graves que levam à hospitalização, especialmente em prematuros e crianças com doenças cardíacas ou pulmonares pré-existentes.
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Dados da Secretaria de Atenção Primária à Saúde indicam que o VSR é responsável por cerca de 80% dos casos de bronquiolite e até 60% dos quadros de pneumonia em crianças menores de 2 anos.
A estimativa é que uma em cada cinco crianças infectadas pelo vírus precise de atendimento ambulatorial e que uma em cada 50 seja hospitalizada ao longo do primeiro ano de vida. De acordo com o ministério, entre 2018 e 2024, foram registradas 83.740 internações de bebês prematuros – com menos de 37 semanas de gestação – causadas por complicações relacionadas ao VSR, como bronquite, bronquiolite e pneumonia.
O imunizante será aplicado em gestantes, como forma de proteger os recém-nascidos nos primeiros meses de vida.
Critérios
Serão vacinadas gestantes entre a 32ª e a 36ª semana de gravidez. De acordo com o Ministério da Saúde, a estratégia é garantir que os anticorpos sejam transferidos da mãe para o bebê, protegendo-o no início da vida, quando o risco é maior.
“A vacina tem potencial para prevenir cerca de 28 mil internações por ano, oferece proteção imediata aos recém-nascidos e beneficiará aproximadamente 2 milhões de bebês”, afirma a pasta.
O Ministério da Saúde ainda vai detalhar a data de início da aplicação, mas a previsão é que se inicie na segunda quinzena do mês.
Estudos indicam que vacinar gestantes pode prevenir aproximadamente 28 mil internações anuais. “A estratégia combinada irá proteger cerca de 2 milhões de bebês em seus primeiros meses de vida, idade mais vulnerável a complicações”, estima o ministério.
Segundo a pneumologista infantil Rita Silva, a introdução da vacina representa um marco na prevenção das doenças respiratórias mais graves na infância.
“Durante o outono e o inverno, observamos um aumento significativo dos casos de bronquiolite. Muitos bebês chegam aos hospitais com dificuldades respiratórias, necessitando de oxigênio e até internação em UTI. Ter uma vacina disponível é um avanço que vai salvar vidas”, afirma a especialista.
A vacina, que já é utilizada em outros países com resultados expressivos na redução das internações pediátricas, começará a ser aplicada de forma gradual no SUS, priorizando os grupos mais vulneráveis.
Além de proteger diretamente as crianças, a nova vacina também trará reflexos positivos para o sistema de saúde. Com menos internações por infecções respiratórias, os hospitais poderão direcionar recursos para outras demandas pediátricas e emergenciais.
“A pneumologia infantil ganha um aliado poderoso. A vacinação vai ajudar a quebrar o ciclo de infecção e reduzir o sofrimento de milhares de famílias. É uma conquista para todos que lutam pela saúde das nossas crianças”, conclui Rita Silva.