Um corte no fornecimento de combustível aos motores foi a causa da queda do Boeing 787 Dreamliner da Air India, que deixou 260 mortos em 12 de junho. Segundo relatório preliminar do Escritório de Investigação de Acidentes Aéreos da Índia, os dois botões de corte de combustível localizados no cockpit foram acionados ainda durante a decolagem, o que fez os motores pararem de funcionar.
O áudio da cabine, recuperado pelas autoridades, revelou uma troca entre os dois pilotos no momento em que os motores desligaram. Um deles questiona o outro sobre o motivo do corte: “Por que você desligou?”. O colega nega: “Não fui eu.” Pouco depois, os botões são religados, e os motores iniciam o processo automático de religamento, mas a aeronave já estava em perda de altitude e não houve tempo para recuperação.
Dados das caixas-pretas mostram que os interruptores foram movidos da posição “RUN” para “CUTOFF” com um intervalo de apenas um segundo entre eles. O avião havia atingido velocidade de 180 nós quando perdeu propulsão e caiu logo após deixar a pista do Aeroporto Internacional de Ahmedabad, no estado indiano de Gujarat.
Segundos antes do impacto, um dos pilotos acionou o alerta de emergência: “Mayday, mayday, mayday.” O controle aéreo chamou a aeronave, mas não obteve resposta. O avião caiu a poucos quilômetros da pista, atingindo o alojamento do hospital universitário BJ Medical College e provocando também mortes em solo.
Os botões de corte de combustível do modelo 787 ficam entre os assentos dos pilotos, logo atrás das alavancas de potência. Eles têm proteção metálica lateral e um sistema de travamento para evitar acionamentos acidentais. O relatório preliminar não esclarece se os comandos foram ativados manualmente, por engano ou por algum tipo de falha técnica.
A investigação descarta outras possíveis causas. O combustível da aeronave era de boa qualidade, não houve interferência de aves na rota de voo, o peso da aeronave estava dentro dos limites, os flaps estavam ajustados corretamente em 5 graus — configuração padrão para decolagem — e o trem de pouso permanecia abaixado. O motor esquerdo havia sido instalado em 26 de março e o direito em 1º de maio.
O comandante do voo tinha 56 anos e mais de 15 mil horas de experiência. O copiloto, de 32 anos, acumulava mais de 3.400 horas. Ambos estavam entre os 242 ocupantes da aeronave, incluindo passageiros e tripulantes. Havia 169 indianos, 53 britânicos, sete portugueses e um canadense. O total de mortes chegou a 260, contando vítimas que estavam no solo no momento da queda.
Após a divulgação do relatório, familiares das vítimas cobraram responsabilização. Segundo a CNN americana, Naresh Maheswari, pai de um dos passageiros, pediu neutralidade nas investigações e punição aos envolvidos. “Não queremos que mais ninguém morra por esse tipo de descuido”, afirmou. Niraj Patel, parente de outra vítima, declarou: “Esperamos que o governo tome todas as medidas para evitar novas tragédias.”
A Air India confirmou que recebeu o relatório preliminar e segue colaborando com as autoridades. “Estamos em luto por essa tragédia e solidários com todos os afetados pelo acidente do voo AI171”, declarou a companhia em publicação na rede X.
Air India stands in solidarity with the families and those affected by the AI171 accident. We continue to mourn the loss and are fully committed to providing support during this difficult time.
We acknowledge receipt of the preliminary report released by the Aircraft Accident…
— Air India (@airindia) July 11, 2025
Mesmo ferido, Vishwash Kumar Ramesh prestou a última homenagem ao irmão Ajay, vítima do acidente aéreo da Air India que matou mais de 240 pessoas. A cena comovente aconteceu durante o funeral em Gujarat, enquanto as causas da queda seguem sob investigação
Notícias ao Minuto | 10:00 – 18/06/2025