Alagoas alcançou, em 2025, o topo da vaquejada, esporte nascido no Nordeste e que cresce e se consolida Brasil afora. À frente, puxando a galope os ótimos resultados regionais e nacionais, está o Grupo Aliança de Vaquejada. Com instalações em Viçosa e Colônia Leopoldina, na Zona da Mata, o GAV une talento, tecnologia e inovação, junto a um plantel selecionado formado por campeões.
“Somos um haras voltado para a criação de cavalo Quarto de Milha de vaquejada. Trabalhamos focados nesse esporte, em que pese a raça Quarto de Milha participar de 23 modalidades esportivas. Temos como princípio competir e criar (produzir animais) voltados para a vaquejada. As duas atividades, competição e produção de animais, se complementam e nos credenciam a ofertar para o mercado o que nós usamos. Não estamos apenas comercializando cavalos, mas uma genética que testamos e comprovamos em pistas e competições nacionais”, define o advogado Henrique Carvalho, sócio-proprietário.
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Representando o GAV, Jefersons da Silva Melo, o Brocoió Jr., foi o grande campeão brasileiro da categoria Vaqueiro Profissional no Campeonato Pixbet Portal 2025. O alagoano de Rio Largo, e atualmente residindo em Viçosa, montou o Don Don Master GAV, reprodutor do Grupo Aliança de Vaquejada, eleito o Melhor Cavalo Profissional.
Já Henrique Carvalho foi o campeão (reservado) do Master Portal Vaquejada, montando o The Leo Sucesso (cavalo de puxar), e Brocoió Jr., em HFJ Dany Fit, na esteira (auxiliar). Henrique e o sócio-proprietário Erivaldo Cavalcante celebram o ótimo desempenho alcançado pelo GAV nas competições disputadas em 2025.

“Foi o melhor ano em competições e, consequentemente, em vendas. Neste ano vencemos o maior campeonato do país. Não só vencemos com o melhor cavalo, mas ganhamos todos os prêmios: Melhor Cavalo, Melhor Vaqueiro, Melhor Criador de Cavalos, Melhor Equipe de Vaquejada do Brasil. Isso na categoria profissional. Na categoria Master (aspirante), ficamos como reservado campeão e melhor equipe”, comemora Henrique.
Vendas em alta
As vendas do GAV acompanham os resultados promissores das pistas de vaquejada. Só com o garanhão da companhia, a empresa faturou com cerca de 400 coberturas distribuídas para todo o Brasil. O plantel é formado por doze animais aptos a competir, oito sendo domados, dez éguas matrizes e 22 produtos em acabamento para serem disponibilizados ao mercado.
De acordo com Henrique Carvalho, cada animal rende, anualmente, em média, R$ 100 mil. Nas duas instalações, em Viçosa e Colônia Leopoldina, o GAV gera cerca de 30 empregos diretos, demonstrando a força econômica da vaquejada.
“Isso nos leva a uma receita anual significativa, o que proporciona reverter isso para a criação e qualidade do nosso plantel”, pontua Erivaldo Cavalcante. Para atingir os resultados, o GAV investe em tecnologia e inovação.
“Hoje usamos, além da transferência de embrião, uma nova tecnologia na reprodução equina. O ICSI em equinos, que é a Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoide, uma técnica de reprodução assistida que injeta um único espermatozoide diretamente no citoplasma de um óvulo para criar embriões in vitro”, explica Henrique Carvalho.
De acordo com ele, essa técnica permite alta produtividade e acelera o processo de seleção genética. Consegue-se, assim, produzir mais com as éguas que já se comprovaram na reprodução. Tudo isso de forma menos invasiva e segura.
Para Henrique Carvalho, a receita do sucesso do Grupo Aliança de Vaquejada está no fato de não seguir modismos e acreditar na genética selecionada ao longo dos anos, já comprovada nas pistas.

“Selecionamos os animais ainda potrinhos, criamos com um manejo de excelência, o que garante uma morfologia robusta. Domamos e treinamos nossos animais no próprio haras, com uma equipe especializada no nosso esporte”, destaca.
“Levamos nossos produtos para as principais competições do país, começando pelas menores, para que eles ganhem ritmo e, depois, seguimos para as provas maiores e mais competitivas”, acrescenta Erivaldo Cavalcante.
Reconhecimento
O Grupo Aliança de Vaquejada também é feito de gratidão, reconhecimento. Henrique Carvalho e Erivaldo Cavalcante presentearam Brocoió Jr. com uma caminhonete zero quilômetro. O vídeo viralizou e emocionou os internautas.
“Ele é uma pessoa do bem, tem o propósito de apresentar os animais e competir em alto nível. Para isso, não descansa. Nos últimos cinco anos, o cavalo Don Don Master GAV (Don Don) só não foi montado por ele por dez dias. Em todos os outros, ele montou e treinou. Não tem domingo, nem dia, nem hora. Sempre focado”, elogia Henrique Carvalho.
“A honestidade dele, a seriedade e o compromisso são inatos de sua personalidade, e isso nos deixa muito felizes e gratos. Juntou-se a isso a necessidade que ele tinha de trocar de carro. O momento chegou e fizemos”, completa Erivaldo Cavalcante.
Ezequiel, o “Kiel”, responsável por cuidar e tratar dos animais de competição nas provas recebeu um automóvel e Jurandir, que o auxilia no trato dos equinos, uma moto. Brocoió Jr. falou ao Alagoas Notícia Boa (ALNB) da grata surpresa.
“Não esperava e fiquei muito emocionado. Eu trabalho focado no objetivo de treinar e apresentar os animais, faço com amor e profissionalismo. E ser reconhecido foi muito bom pra mim”, pontuou o vaqueiro, que também celebrou a conquista no Campeonato Pixbet Portal 2025.
“Foi muito emocionante, é o maior campeonato do país. O mais difícil, o mais competitivo, o mais longo e cansativo. É o sonho de todo vaqueiro ganhar esse campeonato”, disse.

Capital dos Fazendeiros
Para além das letras, da erudição, Viçosa também é berço da cultura popular, rica em manifestações folclóricas como Guerreiro, o Reisado e a Cavalhada. Abrigou a famosa Escola do Folclore, formada pelos pesquisadores José Aloísio Brandão Vilela, Théo Brandão, José Maria de Melo e José Pimentel de Amorim.
A vaquejada, nascida a partir das pegas de boi no mato, também faz parte desse conjunto de tradições nordestinas e que tem raízes fincadas no solo viçoso da Princesa das Matas, “Capital dos Fazendeiros”, como cantou o saudoso Kara Veia, nascido na vizinha Chã Preta.
A tradição da vaquejada em Viçosa também foi entoada pela dupla Vavá Machado e Marcolino, no disco “Os Brindões de Ouro”, gravado em 1976, que reverencia o esporte, a cidade e os vaqueiros da época, como o saudoso “Chico Tampa”.
E foi em Viçosa que Henrique Carvalho fundou, em 2011, o Haras do Grupo Aliança de Vaquejada, em meio à natureza encantadora do povoado Anel. Inspirações não lhe faltam.
“O principal nome que me inspira e que tenho muito orgulho de dizer que hoje nos acompanha é José Aílton Ávila. Sem dúvida, ele é nossa inspiração. Além dele, na criação, temos profundo respeito à história de José Aprígio Vilela, com quem aprendi a gostar de Quarto de Milha e com quem nos identificamos no que diz respeito à seleção genética de nossos animais”, conclui Henrique Carvalho.
A força da vaquejada
A vaquejada é hoje reconhecida em lei federal como manifestação da cultura nacional e patrimônio cultural imaterial (Lei nº 13.364/2016). Do ponto de vista econômico, o complexo do agronegócio do cavalo – medido em estudo encomendado pelo Ministério da Agricultura (MAPA) – gerou cerca de R$ 16,15 bilhões de PIB e aproximadamente 610 mil empregos diretos e 2,43 milhões indiretos (cerca de 3 milhões no total), considerando o Brasil como um todo.
Estudos posteriores, com a mesma base de dados (ESALQ/USP – setor de equinos), indicam que essa “indústria do cavalo” já ultrapassa R$ 30 bilhões/ano, com algo em torno de R$ 3 milhões de postos de trabalho, sendo cerca de 36% desse valor ligado a esporte, lazer e atividades recreativas – onde se insere a vaquejada.
Especificamente na vaquejada, levantamento da Associação Brasileira de Vaquejada (ABVAQ) mostra que a atividade movimenta mais de R$ 800 milhões por ano na economia brasileira e gera cerca de 720 mil empregos diretos e indiretos.
Teve, em 2022, quase 300 eventos chancelados, com premiações que ultrapassaram R$ 22 milhões. Conta com apoio direto da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha (ABQM), que, em 2022, pagou cerca de R$ 1,5 milhão em premiações em provas oficiais ligadas à raça.
Alagoas
No recorte Alagoas, dados compilados em estudo econômico e em fontes oficiais indicam que o estado possui cerca de 500 pistas de vaquejada, realiza aproximadamente 150 eventos esportivos por ano, gera cerca de 11 mil empregos diretos e movimenta em torno de R$ 5 milhões anuais, apenas com a atividade, além de reconhecer a vaquejada como patrimônio cultural imaterial estadual.

Quarto de Milha
Quanto à raça Quarto de Milha, principal cavalo utilizado na vaquejada, dados setoriais apontam que o mercado do cavalo, segundo o IBGE citado pelo Portal Vaquejada, fatura em torno de R$ 16 bilhões/ano, com crescimento aproximado de 12% ao ano.
Apenas a venda de animais Quarto de Milha em leilões movimentou mais de R$ 270 milhões em um ano, em 173 leilões. Eventos oficiais da ABQM podem movimentar mais de R$ 20 milhões em uma única semana (caso do Potro do Futuro, Copa dos Campeões e Derby em Avaré), gerando por volta de 500 empregos diretos por evento e público diário estimado em 6 mil pessoas.
O Campeonato Brasileiro de Vaquejada, considerado um dos maiores do país, distribui mais de R$ 2 milhões em premiação ao longo da temporada, além de impulsionar turismo e serviços nas cidades-sede.
Crescimento e evolução
Henrique Carvalho lembra que a vaquejada cresceu muito, principalmente após o episódio de 2016 em que a prática foi proibida por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Esse mal também trouxe uma lição. Precisamos nos adequar e evoluir. Com isso vieram regras e inovações tecnológicas para nosso meio (protetor de rabo que evita lesão) limites mínimos com quantidade de areia para as pistas de vaquejada, alimentação e hidratação de todos os animais que participam dos eventos etc”, pontua.
“Por outro lado, após essa regularização, tanto pelo STF quanto pelo Legislativo, permitiu que o esporte saísse dos limites dos seus praticantes. Se antes apenas quem competia conhecia o esporte, hoje a vaquejada é vista até por quem nunca montou em um cavalo. Isso trouxe o interesse e voltou a atenção de muitas empresas que vieram para nosso meio com fins comerciais”, observa, considerando que, com isso, todos ganharam, principalmente os profissionais que tiveram sua remuneração incrementada por uma receita nunca vista antes.
