Com um clima digno de Oscar, que incluiu tapete vermelho e dezenas de flashes, 24 jovens foram recebidos como verdadeiras estrelas de cinema no lançamento do Filmaê. Os protagonistas da noite não vieram de Hollywood, e sim das “quebradas” de Maceió.
A iniciativa faz parte de um programa qu reuniu talentos de comunidades periféricas para a produção de vídeos institucionais para o Governo de Alagoas. A noite de ‘gala’ acoteceu esta semana, no Cine Arte Pajuçara, em Maceió.
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O que parece comum para artistas famosos, foi uma vivência diferenciada para Léo Eira, jovem de 22 anos, morador da Vila Emater, em Jacarecica, e um dos selecionados para participar do Filmaê, iniciativa do governo de Alagoas, vinculada a ONU-Habitat, cujo objetivo é reunir talento das periferias para produzir vídeos institucionais.
Léo conversou com o Alagoas Notícia Boa (ALNB) sobre o seu primeiro audiovisual. Ele, junto com outros cinco colegas, ficaram responsáveis pela produção do vídeo do Turismo. Embora seja ator, não imaginou que estaria primeiro no tapete vermelho por um trabalho feito por trás das câmeras e dos olhares da plateia.
“Eu vim do teatro, então eu sempre tive criatividade na minha vida. Eu faço parte da Vila Emater II, que fica lá em Jacarecica, que é um bairro conhecido como lixão. Então levar o meu nome, o nome da minha periferia para o audiovisual em si, para outras áreas, é assim, é uma dádiva, porque eu estou dando esperança a outros jovens também. É uma dádiva estar vivendo isso muito novo nessa idade”, conta Léo.
O Filmaê tem como objetivo protagonizar jovens de periferias que participaram de oficinas do Digaê, projeto da ONU-Habitat para levar cidadania e debates sociais para as comunidades periférias em Maceió. Os jovens selecionados participam de oficinas de roteiro, direção, fotografia, edição e som, mostrando como a comunicação e a cidadania digital podem transformar realidades.
O projeto ampliou oportunidades de formação e profissionalização para jovens das periferias, fortalecendo seus talentos e impulsionando transformações sociais. As equipes receberam oficinas técnicas e total liberdade criativa, sob supervisão da Nova Agência, da Staff e da Secretaria de Estado da Comunicação (Secom), e geraram os materiais audiovisuais lançados nesta segunda nos canais abertos.
“O Filmaê expõe que é preciso acreditar mais na gente, jovens da periferia, porque muitas das vezes a gente é levada com linguajar que, de fato, a galera já olha, sabe? Tem essa visão da galera da periferia. Então, esse olhar diferente faz com que a gente saia da bolha, faz com que a gente tenha outro olhar, futuro também, e faz com que a gente pense em acreditar mais e mais no nosso potencial e que a gente pode chegar em outras áreas”, declara Léo.
Leo foi homenageado e também homenageou (Crédito: Thiago Sampaio / Agência Alagoas)
O Filmaê resultou em quatro vídeos que se transformaram em propagandas institucionais. São eles: “Grota é Cultura”, que aborda o Programa Vida Nova nas Grotas; “Turismo”, que aborda sobre o turismo em Alagoas; “Educação para Todos”, abordando o Cartão Escola 10; o “Vem Que Dá Tempo”; e o próprio “Filmaê”, mostrando o processo de criação.
Mudança de planos
Cecília Guedes tem 19 anos e teve a oportunidade de conhecer bem de perto a rotina de quem produz audiovisual institicuional. Ela ficou responsável pelo som do vídeo que fala dobre o Turismo.
A jovem cursa letras-português, embora a literatura tenha invadido seu coração. Agora ela descobriu uma nova paixão: o áudio.
“No começo do projeto eu tava mais voltada pela área da fotografia, mas no filme eu fui muito no som direto. E eu me apaixonei pelo som direto; é uma profissão bacana, é maravilhosa. Eu já estou falando com o meu orientador, que foi do governo. E a gente está conversando sobre como é que serão os próximos passos, quero continuar, fazer mais vezes”, conta Cecília.
Jovens foram recebidos como verdadeiras estrelas de cinema (Crédito: Thiago Sampaio / Agência Alagoas)
Cecília contou sua experiência no projeto.
“Foi uma experiência muito, muito boa, muito grandiosa, muito especial, porque desde o ‘Diga Aí’ eu já tinha essa curiosidade: poxa, como é que é o audiovisual? Como é que é trabalhado por trás das câmeras? E o filmaê foi uma oportunidade de realmente entrar nesse mundo, de me profissionalizar nisso e ter um portfólio. Ainda mais para o Governo de Alagoas”
Com direito a estatueta do Oscar
A referência do Oscar não foi apenas na recepção. Ainda durante a noite do Oscar, os jovens foram homenageados e levaram para casa uma “estatueta”, para que jamais se esqueçam da noite em que se tornaram estrelas.
Representando os jovens do Filmaê, Arthur Vieira subiu ao palco e contou sobre como os jovens se sentem honrados em se tornarem protagonistas das políticas públicas.
“Eu poderia falar aqui por horas a fio sobre o projeto: relembrar que o ‘Digaê’ foi finalista em premiações internacionais, destacar o profissionalismo demonstrado por cada jovem que integra este projeto. Mas estamos todos ansiosos para assistir às produções que foram feitas. Darcy Ribeiro, antropólogo e educador brasileiro, diz: ‘Se queremos colher bons frutos, precisamos cuidar das raízes: investir na educação, na cultura e no social, e é isso que o Governo de Alagoas vem fazendo com os jovens’”, discursou Arthur.
Arthur discursou representando os jovens e contou como a experiência foi incrível (Crédito: Thiago Sampaio)
Arthur é jornalista e ficou responsável pela direção do vídeo “Grota é cultura”, onde conta as iniciativas estaduais para promover a cidadania nas comunidades periféricas, como o Vida Nova Nas Grotas.
Próximos Filmaê
O secretário de Estado da Comunicação, Wendel Palhares, falou das próximas edições do Filmaê, que vão trazer novas temáticas.
“Nós estamos estudando fazer o Filmaê Quilombola, com as comunidades tradicionais quilombolas; o Filmaê Indígenas, com as comunidades indígenas; e o Filmaê Mulher, fazendo com que a mulher também expresse o que o Governo do Estado está ofertando para ela”, explica.