O governo de Hong Kong afirmou que Jimmy Lai Chee-ying, fundador do extinto jornal pró-democracia Apple Daily, está em regime de isolamento na prisão desde que foi detido, há quatro anos e meio, por decisão própria.
Segundo comunicado oficial divulgado na noite de segunda-feira, o afastamento de Lai dos demais detentos — identificados pela sigla em inglês PIC (Persons in Custody) — foi feito a pedido da própria defesa. As autoridades, no entanto, não revelaram os motivos alegados para a solicitação nem permitiram que ele escolhesse livremente seus advogados.
O governo acrescentou que o representante legal do empresário de 77 anos “já esclareceu publicamente que ele tem recebido cuidados e tratamento adequados” durante o período na prisão.
Por outro lado, a advogada irlandesa Caoilfhionn Gallagher, que representa Lai internacionalmente, declarou ao jornal canadense The Globe and Mail que está extremamente preocupada com a saúde do cliente, que sofre de diabetes.
As autoridades de Hong Kong garantem que o Departamento de Serviços Correcionais (CSD) mantém um ambiente “seguro, apropriado e humano” nas instalações prisionais, e que a situação de Jimmy Lai segue estritamente os protocolos vigentes. O governo também ressaltou que há inspeções regulares feitas por juízes de paz, como forma de assegurar os direitos das pessoas sob custódia.
Horas antes da divulgação do comunicado, a Anistia Internacional publicou um relatório condenando as acusações contra Lai, alegando que se tratam de “exercícios legítimos de liberdade de expressão” sem incitação à violência.
Preso desde o fim de 2020, Lai é acusado de conluio com forças estrangeiras sob a controversa lei de segurança nacional imposta por Pequim em resposta aos protestos pró-democracia em Hong Kong.
Segundo a Anistia, dos 78 casos já julgados com base nessa legislação, pelo menos 66 envolveram apenas manifestações pacíficas de opinião que não deveriam ser criminalizadas.
Em resposta, o governo local acusou “organizações anti-China” e veículos de imprensa estrangeiros de “fazerem comentários irresponsáveis e distorcerem os fatos para interferir na justiça”.
Também nesta segunda-feira, a União Europeia denunciou o que considera uma “erosão contínua das liberdades civis” em Hong Kong, com “restrições severas” à oposição política e à atuação de organizações independentes desde a implementação da lei de segurança nacional, há cinco anos.