Os serviços de inteligência da República Tcheca denunciaram que agentes chineses monitoraram de forma agressiva a vice-presidente de Taiwan, Hsiao Bi Khim, durante sua visita ao país, em um episódio classificado como intimidação. A informação foi divulgada pela Europa Press nesta sexta-feira.
O porta-voz do Serviço de Inteligência Militar tcheco, Jan Pejsek, confirmou à Rádio Praga Internacional que funcionários da embaixada chinesa passaram a “seguir fisicamente” a vice-presidente taiwanesa, chegando a colocá-la em risco de vida.
Segundo os serviços de inteligência, a perseguição ocorreu em março do ano passado, durante uma das primeiras viagens internacionais de Hsiao Bi Khim no cargo. Fontes anônimas relataram que os agentes conduziam veículos de forma imprudente, quase provocando um acidente de trânsito. Ao serem abordados pela polícia, um dos ocupantes do carro apresentou um passaporte diplomático chinês.
A inteligência tcheca classificou o episódio como uma “grave violação das relações diplomáticas” e responsabilizou diretamente membros do Gabinete Militar da embaixada da China em Praga.
Hsiao Bi Khim se pronunciou nas redes sociais, agradecendo às autoridades tchecas pela recepção e segurança oferecida. Ela também condenou os atos de Pequim. “As atividades ilegais do Partido Comunista Chinês não vão me impedir de representar os interesses de Taiwan junto à comunidade internacional”, escreveu no X (antigo Twitter). “Taiwan não se deixará isolar por intimidações.”
A China negou as acusações por meio do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Guo Jiakun. “O pessoal diplomático chinês sempre respeitou as leis do país anfitrião. Instamos as partes envolvidas a não serem manipuladas por forças separatistas pró-independência de Taiwan e a evitarem criar tensões ou espalhar propaganda maliciosa”, declarou.
Guo também criticou o governo tcheco por permitir a visita de uma representante considerada “linha dura” pró-independência. “Isso constitui uma séria violação do princípio de Uma Só China e dos compromissos políticos assumidos pela República Tcheca. Trata-se de uma interferência nos assuntos internos da China, à qual nos opomos firmemente”, afirmou.
Pequim reivindica Taiwan como parte de seu território há décadas, enquanto as autoridades da ilha insistem em sua autonomia e denunciam constantes atos de pressão e intimidação por parte do governo chinês.