Search
Close this search box.
Search
Close this search box.

Segurança, fé e sociedade: como histórias de salvamento refletem o papel humano da polícia

A segurança pública no Brasil é um tema complexo e multifacetado.

O país convive com altos índices de violência urbana, presença do crime organizado e constantes discussões sobre a eficácia das políticas de combate. Mas, em meio a esse cenário, há um aspecto frequentemente invisível: o papel da polícia na preservação de vidas em momentos de crise.

Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que o Brasil está entre os dez países com maior número absoluto de mortes por suicídio, com mais de 14 mil registros anuais, o que equivale a uma média de 38 casos por dia. Tentativas frustradas são ainda mais numerosas e revelam um desafio crescente de saúde pública. Em muitos desses casos, o primeiro agente a ter contato com a pessoa em risco é justamente o policial que patrulha ruas e viadutos.

A rotina de um policial militar não se resume a abordagens de criminosos. Em diversas situações, esses profissionais se tornam a última barreira entre a vida e a morte. Técnicas de contenção física, protocolos de negociação e abordagens humanizadas passaram a fazer parte do treinamento, sobretudo porque as ocorrências envolvendo tentativas de suicídio cresceram nos últimos anos.

A trajetória do policial militar paulista Silvio Alessander Encarnação, com 14 anos e 7 meses de corporação, ilustra de forma clara esse papel. Ele participou de várias ocorrências em que conseguiu impedir suicídios. Uma delas se tornou inesquecível: ao conter um homem prestes a pular de uma ponte, ouviu dele que minutos antes havia pedido em oração para que Deus enviasse um anjo. Para o homem, a chegada da viatura foi a resposta imediata. “É impossível sair de uma situação dessas sem refletir. A farda me dá disciplina, mas é a fé que me dá propósito para seguir”, afirma Silvio.

Silvio Alessander

Casos como esse mostram que a polícia não pode ser vista apenas como força repressiva. Ela desempenha também função social e emocional, atuando como ponto de apoio em situações-limite. Pesquisas em segurança pública reforçam que a humanização do policiamento é tendência mundial: países como Reino Unido e Canadá já implementam programas de capacitação para que agentes de segurança estejam preparados para lidar com pessoas em crise psicológica, combinando técnicas de diálogo e estratégias de contenção.

No Brasil, ainda há lacunas. Grande parte da preparação policial concentra-se no enfrentamento armado, enquanto a dimensão social e emocional do trabalho é subestimada. Histórias como a de Silvio reforçam a necessidade de ampliar a formação voltada para a preservação da vida em todas as suas formas, do combate ao crime à atuação em saúde mental.

A fé também aparece como elemento importante no cotidiano de muitos agentes. Em uma profissão marcada por risco constante e alta carga de estresse, a espiritualidade funciona como recurso de equilíbrio emocional e sentido de missão. Para Silvio, cada salvamento foi um reforço de que sua vocação vai além do policiamento ostensivo. “Nessas horas, percebo que não sou apenas um policial, mas alguém que foi colocado ali para ser instrumento de esperança”, diz.

Além das histórias humanas, há o reconhecimento institucional. Silvio recebeu medalhas nacionais e internacionais, incluindo a mais alta honraria concedida pela Polícia Militar do Estado de São Paulo, entregue pelo governador. Mas, para ele, as verdadeiras condecorações são os rostos e abraços de pessoas que ganharam uma nova chance de viver.

Num país que ainda busca equilíbrio entre segurança, cidadania e direitos humanos, exemplos como esse demonstram que a atuação policial não pode ser reduzida a números de prisões ou operações. A preservação da vida deve ser entendida como parte central da política de segurança. Afinal, segurança não é apenas ausência de crime, mas também presença de cuidado.

Leia Também

Enidelce Paes
WhatsApp Image 2025-09-05 at 15.14
May Honorato abre show de Ana Cañas neste sábado em Maceió » Alagoas Notícia Boa
Josiane Peçanha
Irlanda deportou 42 brasileiros desde junho, incluindo 15 presos
PL 5648/23 eleva responsabilidade de empresas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *