Dois alagoanos, dois viçosenses, dois taxistas e uma história de superação em comum contada por um jornalista atento e sensível: César Tralli. Em São Paulo (SP), num intervalo de sete meses entre uma postagem e outra, ele apresentou em vídeo, nas redes sociais, parte da trajetória de dois profissionais do volante cujas estradas da vida partiram do mesmo município nordestino e confluíram para a maior metrópole das Américas.
Em abril deste ano, Tralli postou um vídeo em que relatou a trajetória do taxista alagoano Cícero Pedro dos Santos, 75 anos. O conteúdo emocionou os familiares do motorista, que moram em Viçosa, a 86 km de Maceió, como mostrou o Alagoas Notícia Boa (ALNB).
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Era Domingo de Páscoa, e Tralli quis celebrar a data cristã fazendo uma homenagem ao próximo, às pessoas batalhadoras, como ele descreveu.
Ao ingressar no táxi conduzido por Cícero, no Aeroporto de Congonhas, gravou um vídeo contando a história do alagoano de Viçosa, que deixou a monocultura da cana-de-açúcar e migrou para São Paulo, na década de 1970, em busca de dias melhores em meio à selva de pedras.
“Seu Cícero, alagoano, nasceu no canavial, veio para São Paulo no peito e na raça: criou um filho e uma filha, os dois com faculdade, e está ele aqui com 75 anos no táxi, firme e forte! Isso para mim, seu Cícero, é exemplo de vida, viu?”, disse Tralli, em diálogo com o taxista.
Sete meses depois, no mesmo aeroporto, Tralli embarca em outro táxi e, mais uma vez, o profissional que o atende é um alagoano de Viçosa: José Alves da Silva, 73 anos, mais conhecido como “Zezinho”.
“Quem curte uma resenha no táxi? Eu adoro! Ouvir histórias de vida. De batalhas. De conquistas. De família. Trocar ideia, experiências, aprender com o próximo”, escreveu Tralli na postagem em que apresenta Zezinho ao Brasil.
“Com vocês, o seu José Silva! Um alagoano que conhece a imensidão de São Paulo como poucos. Simpatia pura!”
O vídeo, que já conta com quase um milhão de visualizações, chegou aos familiares de Zezinho em Viçosa e os emocionou, assim como aconteceu com a família do conterrâneo Cícero Pedro.
“Fico muito feliz em ver mais um trabalho de pessoas do Nordeste, naturais de Viçosa, que construíram suas vidas em São Paulo, nesta grande metrópole, onde atuam como taxistas há mais de 40 anos”, disse o primo de Zezinho, o professor José Claudino da Silva Filho, mestre e doutor em Ciência da Educação, que reside em Viçosa.
“É uma satisfação ver meu primo e irmão sendo reconhecido na matéria do renomado jornalista”, celebrou Claudino, em entrevista ao ALNB.
Ele revela que Zezinho, então trabalhador rural, deixou Viçosa em 1974 em busca de outra profissão em São Paulo, onde se estabeleceu como taxista, como bem relatou Tralli.
“Tô aqui com o seu José. Alagoano, arretado, 73 anos, quase 40 no táxi aqui em São Paulo”, registrou o jornalista.
O irmão de Zezinho, o professor Cícero Alves, também falou da alegria em ver o irmão na publicação feita pelo jornalista, que recentemente assumiu a bancada do Jornal Nacional (JN).
“Ver alguém que veio de uma vida simples, marcada pelo esforço, alcançar um momento tão grandioso ao lado de um comunicador tão respeitado é motivo de emoção profunda. É a prova viva de que a fé, o trabalho e as raízes que carregamos no coração podem nos levar muito além do que imaginamos”, disse Cícero Alves.
No encontro improvável entre um jornalista atento e dois homens que atravessaram o Brasil para reinventar o próprio destino, surge uma história que costura tempo, coragem e afeto, protagonizada por Cícero e Zezinho, filhos da mesma terra.
E, na maior selva de concreto das Américas, o olhar generoso de Tralli demonstra que ainda há espaço para reconhecer o brilho de quem vence a vida todos os dias, com mãos firmes no volante, esperança no peito e força para seguir adiante.
